Passado

O primeiro jornal de bairro da capital surgiu há mais de um século, antes até que muitos dos diários da grande imprensa. O Braz circulou pela primeira vez em 1 de setembro de 1895 e a data hoje marca o Dia do Jornal de Bairro, conforme lei municipal.

Depois, vários se seguiram na metrópole que cresceu absurda e descontroladamente no século XX. Entre as décadas de 1940 e 1960, começaram a ser distribuídos jornais que até hoje se mantêm contando histórias e trazendo noticiário exclusivo, como a Tribuna de Santo Amaro, a Gazeta de Pinheiros e o jornal São Paulo Zona Sul.

Mais tradicionais, mais recentes, modernos ou conservadores, cada jornal de bairro tem seu estilo, sua língua própria, sempre buscando, entretanto, algo em comum: a melhoria da qualidade de vida e informar com noticiário muitas vezes excluído da imprensa diária metropolitana.

A associação só foi surgir em 28 de abril de 1971, por iniciativa de jornalistas que editavam veículos em diferentes regiões da cidade e sentiram necessidade de unir as empresas. Seu primeiro presidente foi Durval Quintiliano, diretor da Gazeta de Pinheiros na época.

A Assembléia Geral de fundação da AJORB foi presidida pelo então deputado estadual Ary Silva, diretor-proprietário da Gazeta de Zona Norte.

O jornalista Boris Casoy participou da reunião, na qualidade de assessor de imprensa da Prefeitura de São Paulo. A diretoria da AJorb, logo após tomar posse, decidiu comunicar a fundação da entidade ao prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz, ao governador Laudo Natel e ao presidente do Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas de São Paulo, senhor Edmundo Monteiro. Veja aqui a Ata de fundação da entidade.

Como os próprios jornais, passou por diferentes fases, em que a adesão e os objetivos se alternaram.

Presente

Há alternativas para enfrentar a crise com criatividade e baixos custos? Como atingir um público que não vê mais sentido em pagar por assinaturas de jornal  e revistas? Como as agências podem oferecer alternativas aos seus clientes para que transmitam  mensagens publicitárias sem estourar orçamentos? E os pequenos empresários, comerciantes e profissionais liberais – como podem chegar a seu público e divulgar seus produtos e serviços de forma eficaz?

Editores de jornais de bairro da capital paulista não apenas acreditam que representam respostas para estas demandas atuais como apostam em um fortalecimento da categoria. Reunidos na Associação de Jornais e Revistas de Bairro de São Paulo (Ajorb-SP), eles recentemente elegeram uma nova diretoria, estão desenvolvendo um novo site e planejam diversas ações para comprovar que a mídia regionalizada tem forte aceitação em uma metrópole que inegavelmente tem expectativas e perfis de leitores conforme o bairro.

“Vamos mostrar que o jornal de bairro ainda desperta aquela relação de proximidade, de carinho com o público leitor, que só encontra ali notícias locais e apoio para encaminhar demandas para o poder público”, diz o recém eleito presidente Eugênio Canteiro, da Gazeta Penhense

“A Ajorb também vai facilitar o trabalho das agências de publicidade. Além de demonstrar que temos força para transmitir a mensagem de forma mais objetiva e regionalizada, atingindo um público que tem pouco acesso a outros meios. Vamos concentrar as negociações para oferecer preços mais atrativos e campanhas direcionadas conforme a necessidade de cada cliente”, explica Wagner Farias, vice-presidente (comercialização) da Ajorb, diretor da Gazeta de Pinheiros.

Ele aponta que os jornais de distribuição regionalizada sempre foram uma boa alternativa de comunicação e publicidade para pequenos comerciantes. Mas, cada vez mais os grandes anunciantes, as agências e instituições do poder público estão descobrindo que podem usar esta ferramenta de baixo custo para atingir seu público de forma mais personalizada.

Outro objetivo em comum dos novos diretores é demonstrar que a comunicação local é uma atitude sustentável. “Tanto o pequeno comerciante quanto as empresas representadas por agências buscam, hoje, demonstrar que ações locais têm importância crucial para um desenvolvimento sustentável, com união entre empresas, poder público e cidadãos em busca de novas atitudes”, avalia Wagner D’Angelo, vice-presidente (relacionamento), diretor do Jornal São Paulo Zona Sul. Paralelamente, a nova diretoria pretende incentivar entre os associados a interrelação entre o jornal impresso, as plataformas digitas e as redes sociais. “É necessário integrar as formas de comunicação, não criar uma hierarquia entre elas. A distinção empobrece”, conclui Wagner D’Angelo.

A criação de um novo logotipo, o desenvolvimento do site e a organização de propostas comerciais em conjunto entre os jornais representados têm sido discutidas em reuniões mensais na sede da Ajorb, na zona central da capital. “A Associação incentivará a ética, o profissionalismo e modernização dos associados, sem, entretanto, propor interferências na linha editorial e conteúdo”, explica o vice-presidente comercial, Wagner Farias.

“Cada veículo tem autonomia para agir de acordo com seus princípios e buscando sintonia com a comunidade local”, diz o presidente Eugenio Cantero. “Por outro lado, várias ações poderão ser definidas de forma conjunta, entre os jornais, no sentido educacional e de prestação de serviço público, movimentos reivindicatórios, ações de cidadania”, completa.

A Ajorb – Associação dos Jornais e Revistas de Jornais de Bairro de São Paulo completa, em abril, 45 anos. E a comemoração promete mostrar que novos caminhos estão se abrindo.

Futuro

A imprensa do futuro é gratuita e fala a língua local. Traz notícias pouco comuns na internet ou na imprensa diária. Oferece dicas para que o leitor possa encontrar serviços, diversão, lazer, cultura e gastronomia perto de casa, para evitar trânsito, economizar, ganhar tempo e ainda demonstrar atitude sustentável, com baixo consumo de combustível e valorizando a economia regionalizada em uma metrópole como São Paulo.

A imprensa do futuro gera economia para o anunciante. Mais do que isso: permite que o anunciante estabeleça laços com a comunidade onde está seu público-alvo. A geração de empregos de forma localizada é inteligente e demonstra a responsabilidade sócio-ambiental da empresa.

A imprensa do futuro representa um canal de entrosamento entre poder público, cidadãos e empresários para desenvolvimento da urbanidade, com fomento à economia regionalizada e à participação de cada cidadão/leitor/cliente.

Ou seja, a imprensa do futuro é o jornal de bairro.